Um turista desavisado (e corajoso) que porventura quisesse ir conhecer a Praça Princesa Isabel, no bairro de Campos Elíseos, região central de São Paulo, com certeza iria até o local crente de que encontrará algum tipo de homenagem aquela cujo nome batiza o local.
VOLTANDO NO TEMPO
Corria a década de 20 do século passado quando a prefeitura de São Paulo batizou oficialmente o local antigamente denominado de Praça dos Guaianases, em referência a uma rua que passa por ali.
Antes, oficiosamente, a área teve diversos outros nomes que iam mudando de acordo com o interesse de quem tinha a posse das terras da região. Assim o local foi chamado de Campo Redondo, Chacará Mauá (este quando de posse do então Barão de Mauá) e Chácara do Charpe.
Antes de ser uma praça propriamente dita, o local foi cogitado para ser o endereço do primeiro cemitério da cidade, mas a ideia foi deixada de lado e trocada pelo Cemitério da Consolação pelo fato de que as terras ali eram úmidas demais.
O nome “Praça Princesa Isabel” só surgiu em 1921, por ocasião de uma proposta de batizar o local pelo vereador Henrique Queiroz, na esteira da comoção do então recente falecimento da princesa, ocorrido em Paris em 14 de novembro de 1921. Assim a denominação foi oficializada em 19 de novembro daquele mesmo ano, apenas cinco dias depois de sua morte.
O nome permaneceu alterado por um século, sendo modificado parcialmente apenas em junho de 2022 através de um projeto de lei do vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que propôs a alteração para Parque Municipal Princesa Isabel para que ele pudesse vir a ser cercado.
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E A HOMENAGEADA ONDE ESTÁ?
Mas você já parou para pensar que até hoje, fora o nome, a Princesa Isabel jamais foram homenageada no local com qualquer tipo de escultura ou monumento? E pior o homenageado no local é outra personalidade histórica, a saber, o Duque de Caxias?
Pois esta bizarra homenagem a uma personalidade diferente da que batiza o local só foi possível devido à falta de organização e planejamento das autoridades paulistanas, quando da decisão de criar uma um monumento ao Duque de Caxias.
A história do monumento ao Patrono do Exército Brasileiro você confere clicando aqui. No entanto o motivo dessa localização e não uma praça “dele” você vai saber a partir do próximo parágrafo.
Originalmente o local pensado para receber o maior monumento equestre do Brasil fora o Largo do Paissandu, no centro de São Paulo. O velho largo receberia uma profunda reestruturação que a deixaria “moderna e irreconhecível” conforme o noticiário da época. A reestruturação previa até mesmo a demolição da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos que, caso ocorresse, seria a segunda derrubada em pouco mais de cinquenta anos.
Porém após a escolha do monumento vencedor, ocorrida através de concurso público, percebeu-se que a obra ganhadora - projetada por Victor Brecheret - tinha 48 metros de altura (o equivalente a um prédio de 10 andares) e caso fosse instalada no local seria de terrível observação pelos pedestres uma vez que o Largo do Paissandu tem uma área bem pequena e cercada por edifícios.
Junta-se isso ao desejo de Brecheret de colocar seu monumento na Praça da Bandeira (possivelmente o local mais adequado) e chegou-se a um impasse que duraria uma década: onde instalar o monumento ?
DEZ ANOS DE ESPERA
Somente em 1959, com o monumento ainda guardado em um depósito, é que as autoridades chegam a um consenso sobre o local que abrigará a escultura: a Praça Princesa Isabel.
E assim em 25 de agosto de 1960, Dia do Soldado, o Monumento ao Duque de Caxias finalmente é inaugurado naquela praça, que deveria pela lógica ter uma escultura em homenagem a uma princesa, mas não tem.
E Brecheret, morto em 1955, não viu sua grandiosa obra ser inaugurada.
Assista a seguir o vídeo que o São Paulo Antiga produziu sobre o monumento. Aproveite para inscrever-se em nosso canal do YouTube.